O Guardião Caveira
(Sergulath) - Sendo um dos maiorais que trabalham sob as ordens do exu Pinga Fogo que recebe ordem direta do Sr.Omulu, Exu Caveira é o encarregado da vigília dos cemitérios ou dos lugares onde estão enterrados os mortos,ou seja, exu responsável pelas almas!!! Qualquer trabalho a ser feito no cemitério, tem que ter uma salva a essa entidade, caso contrario o trabalho não surte o efeito desejado.
As
apresentações astrais de entidades desse nome é sempre na forma de uma
caveira, costumam trabalhar muito para o bem, em casos de doenças. Usam
vestimenta uma capa preta.
Ao se moverem,
parecem girar um pé enquanto o outro fica travado no chão. é estranho o
jeito deles andarem. São bastante desembaraçados para falar. Falam
apenas o necessário. Interessam-se bastante pelos problemas das pessoas.
Demoram em suas consultas (aconselhamentos).
Exu Caveira pertence a linha negativa de Yorima(pretos velhos),sendo serventia da Vovó Maria Conga
Comandos
- Exu Tata Caveira - Próculo - Exu provocador do sono da morte e manipulador de todas drogas e entorpecentes. Apresenta-se como uma caveira e vestido de preto.
- Exu Brasa - Haristum - É o provocador de incêndios. Domina o reino do fogo. Concede aos que praticam magia negra o dom de andar sobre o fogo.
- Exu Pemba - Blulefer - É especializado na propagação de moléstias venéreas e também favorecer todas as espécies de amores clandestinos. Apresenta-se como um mago.
- Exu Maré - Pentagnony - É o Exu especializado em facilitar a invisibilidade das pessoas, dando-lhes poderes de se transportar de um lugar para outro.Sua apresentação é a de uma criatura normal.
- Exu Carangola - Sidragosum - Sua especialidade é fazer com que as pessoas fiquem perturbadas e deêm gargalhadas histéricas, dançando sem ter vontade; comanda o ritmo cabalistico da dança.
- Exu Arranca-Toco - Minossum - Habita as matas.É especializado no domínio de tesouros.
- Exu Pagão - Bucons - É especializado na separação de casais.Tem poder de incutir ódio e ciúme nos corações humanos
Além desses, comanda também Exú do Cheiro (cheiroso) - (Aglasis) - que tem sob sua guarda outros quarenta e nove Exus
Características
- Arma : Trabalha com galo preto, farofa de dendê, pipoca, punhal, charuto, fitas, pimenta, crânio, terra de cemitério, fundanga, pontos riscados
- Bebida : conhaque, Whisky, marafo
- Erva : Bananeira
- Fuma : Fuma charutos, cigarrilhas
- Guia : preta (Omulu) e amarela (Yansa), tendo uma pequena caveira pendurado
- Vela : velas preta, vermelha, amarela
História
Breve preleção aos médiuns protegidos de minha falange e, portanto, sob minha tutela pessoal.
Sou
exu, assentado nas forças do Sagrado Omulu e sob sua irradiação divina
trabalho. Fui aceito pelo Divino Trono Mehor-yê e nomeado Exu a mais ou
menos dois milênios, depois de minha última passagem pela terra, a qual
fui um pecador miserável e desencarnei amarrado ao ódio, buscando a
vingança, dando vazas ao meu egoísmo, vaidade e todos os demais vícios
humanos que se possa imaginar.
Fui senhor
de um povoado que habitava a beira do grande rio sagrado. Nossa aldeia
cultuava a natureza e inocentemente fazia oferendas cruéis de animais e
fetos humanos. Até que minha própria mulher engravidou e o sumo
sacerdote, decidiu que a semente que crescia no ventre de minha amada,
devia ser sacrificado, para acalmar o deus da tempestade. Obviamente eu
não permiti que tal infortúnio se abatesse sobre minha futura família,
até porque se tratava do meu primeiro filho. Mas todo o meu esforço foi
em vão. Em uma noite tempestuosa, os homens da aldeia reunidos,
invadiram minha tenda silenciosamente, roubaram minha mulher e a
violentaram, provocando imediato aborto e com o feto fizeram a inútil
oferenda no poço dos sacrifícios. Meu peito se encheu de ódio e eu nada
fiz para conte-lo. Simplesmente e enquanto houve vida em mim, eu matei
um por um dos algozes de minha esposa inclusive o tal sacerdote.
Passei
a não crer mais em deuses, pois o sacrifício foi inútil. Tanto que meu
povoado sumiu da face da terra, soterrado pela areia, tamanha foi a
fúria da tempestade. Derrepente o que era rio virou areia e o que areia
virou rio. Mas meu ódio persistia. Em meus olhos havia sangue e tudo o
que eu queria era sangue. Sem perceber estava sendo espiritualmente
influenciado pelos homens que matei, que se organizaram em uma trevosa
falange a fim de me ver morto também. O sacerdote era o líder. Passei
então a ser vítima do ódio que semeei.
Sem
morada e sem rumo, mas com um tenebroso exército de homens odiosos,
avançamos contra várias aldeias e povoados, aniquilando vidas inocentes e
temerosamente assombrando todo o Egito antigo. Assim invadimos terras e
mais terras, manchamos as sagradas águas do Nilo de sangue, bebíamos e
nos entregávamos às depravações com todas as mulheres que capturávamos.
Foi uma aventura horrível. Quanto mais ódio eu tinha, mais eu queria
ter. Se eu não podia ter minha mulher, então que nenhum homem em parte
alguma poderia ter. Entreguei-me a outros homens, mas ao mesmo tempo
violentava bruscamente as mulheres. As crianças, lamentavelmente nós
matávamos sem piedade. Nosso rastro era de ódio e destruição completas.
Até que chegamos aos palácios de um majestoso faraó, que também
despertava muito ódio em alguns dos mais interessados em destruí-lo,
pois os mesmos não concordavam com sua doutrina ou religião. Eis que
então fomos pagos para fazer o que tínhamos prazer em fazer, matar o
faraó.
Foi decretada então a minha morte.
Os fiéis soldados do palácio, que eram muito numerosos, nos aniquilaram
com a mesma impiedade que tínhamos para com os outros. Quem com ferro
fere, com ferro será ferido. Isto coube na medida exata para conosco.
Parti
para o inferno. Mas não falo do inferno ao qual os leitores estão
acostumados a ouvir nas lendas das religiões efêmeras que pregam por aí.
O inferno a que me refiro é o inferno da própria consciência. Este sim é
implacável. Vendo meu corpo inerte, atingido pelo golpe de uma espada, e
sangrando, não consegui compreender o que estava acontecendo. Mas o
sangue que jorrava me fez recordar-me de todas as minhas atrocidades.
Olhei todo o espaço ao meu redor e tudo o que vi foram pessoas mortas.
Tudo se transformou derrepente. Todos os espaços eram preenchidos com
corpos imundos e fétidos, caveiras e mais caveiras se aproximavam e se
afastavam. Naquele êxtase, cai derrotado. Não sei quanto tempo fiquei
ali, inerte e chorando, vendo todo aquele horror.
Tudo
era sangue, um fogo terrível ardia em mim e isso era ainda mais cruel.
Minha consciência se fechou em si mesma. O medo se apossou de mim, já
não era mais eu, mas sim o peso de meus erros que me condenava. Nada eu
podia fazer. As gargalhadas vinham de fora e atingiam meus sentidos bem
lá no fundo. O medo aumentava e eu chorava cada vez mais. Lá estava eu,
absolutamente derrotado por mim mesmo, pelo meu ódio cada vez mais sem
sentido. Onde estava o amor com que eu construí meu povoado? Onde
estavam meus companheiros? Minha querida esposa? Todos me abandonaram.
Nada mais havia a não ser choro e ranger de dentes. Reduzi-me a um
verme, jogado nas trevas de minha própria consciência e somente quem tem
a outorga para entrar nesta escuridão é que pode avaliar o que estou
dizendo, porque é indescritível. Recordar de tudo isto hoje já não me
traz mais dor alguma, pois muito eu aprendi deste episódio triste de
minha vida espiritual.
Por longos anos eu
vaguei nesta imensidão escura, pisoteado pelos meus inimigos, até o fim
das minhas forças. Já não havia mais suspiro, nem lágrimas, nem ódio,
nem amor, enfim nada que se pudesse sentir. Fui esgotado até a última
gota de sangue, tornei-me um verme. E na minha condição de verme, eu
consegui num último arroubo de minha vil consciência pedir socorro a
alguém que pudesse me ajudar. Eis que então, depois de muito clamar,
surgiu um alguém que veio a tirar-me dali, mesmo assim arrastado.
Recordo-me que estava atado a um cavalo enorme e negro e o cavaleiro que
o montava assemelhava-se a um guerreiro, não menos cruel do que fui.
Depois de longa jornada, fui alojado sobre uma pedra. Ali me alimentaram
e cuidaram de mim com desvelo incompreensível. Será que ouviram meus
apelos? Perguntava-me intimamente. Sim claro, senão ainda estaria lá
naquele inferno, respondia-me a mim mesmo. "-Cale-se e aproveite o
alvitre que vosso pai vos concedeu."- Disse uma voz vinda não sei de
onde. O que eu não compreendi foi como ele havia me ouvido, já que eu
não disse palavra alguma, apenas pensei, mas ele ouviu. Calei-me por
completo.
Por longos e longos anos fiquei
naquela pedra, semelhante a um leito, até que meu corpo se refez e eu
pude levantar-me novamente. Apresentou-se então o meu salvador. Um nobre
cavaleiro, armado até os dentes. Carregava um enorme tridente cravado
de rubis flamejantes. Seu porte era enorme. Longa capa negra lhe cobria o
dorso, mas eu não consegui ver seu rosto.
- Não tente me olhar imbecil, o dia que te veres, verás a mim, porque aqui todos somos iguais.
Disse
o homem em tom severo. Meu corpo tremia e eu não conseguia conter,
minha voz não saia e eu olhava baixo, resignando-me perante suas ordens.
-
Fui ordenado a conduzir-lhe e tenho-te como escravo. Deves me obedecer
se não quiser retornar àquele antro de loucos que estavas. Siga minhas
instruções com atenção e eu lhe darei trabalho e comida. Desobedeça e
sofrerás o castigo merecido.
- Posso saber seu nome, nobre senhor?
- Por enquanto não, no tempo certo eu revelarei, agora cale-se, vamos ao nosso primeiro trabalho.
- Esta bem.
Segui
o homem. Ele a cavalo e eu corria atrás dele, como um serviçal. Vagamos
por aqueles lugares sujos e realizamos várias tarefas juntos. Aprendi a
manusear as armas, que me foram dadas depois de muito tempo. Aos poucos
meu amor pela criação foi renascendo. As várias lições que me foram
passadas me faziam perceber a importância daqueles trabalhos no astral
inferior. Gradativamente fui galgando os degraus daquele mistério com
fidelidade e carinho. Ganhei a confiança de meu chefe e de seus
superiores. Fui posto a prova e fui aprovado. Logo aprendi a volitar e
plasmar as coisas que queria. Foram anos e anos de aprendizado. Não sei
contar o tempo da terra, mas asseguro que menos de cem anos não foram.
Foi
então que numa assembléia repleta de homens iguais ao meu chefe, eu fui
oficialmente nomeado Exu. Nela eu me apresentei ao Senhor Omulu e ao
divino trono de Mehor-yê, assumindo as responsabilidades que todo Exu
deve assumir se quiser ser exu.
- Amor a Deus e às suas leis;
- Amor à criação do Pai e a todas as suas criaturas;
- Fidelidade acima de tudo;
- Compreensão e estudo, para julgar com a devida sabedoria;
- Obedecer às regras do embaixo, assim como as do encima;
E algumas outras regras que não me foi permitido citar, dada a importância que elas têm para todos os exus.
A
principio trabalhei na falange de meu chefe, por gratidão e simpatia.
Mas logo surgiu-me a necessidade de ter minha própria falange, visto que
os escravos que capturei já eram em grande número. Por esta mesma
época, aquele antigo sacerdote, do meu povoado, lembram-se? Pois é, ele
reencarnou em terras africanas e minha esposa deveria ser a esposa dele,
para que a lei se cumprisse. Vendo o panorama do quadro que se formou,
solicitei imediatamente uma audiência com o Divino Omulu e com O Senhor
Ogum - Megê e pedi que intercedessem para que eu pudesse ser o guardião
de meu antigo algoz. Meu pedido foi atendido. Se eu fosse bem sucedido
poderia ter a minha falange. Assim assumi a esquerda do sacerdote, que,
na aldeia em que nasceu, foi preparado desde menino para ser o
Babalorixá, em substituição ao seu pai de sangue. A filha do babalawo
era minha ex-esposa e estava prometida ao seu antigo algoz. Assim se
desenvolveu a trama que pôs fim às nossas diferenças. Minha ex-mulher
deu a luz a vinte e quatro filhos e todos eles foram criados com o
devido cuidado. Muito trabalho eu tive naquela aldeia. Até que as
invasões e as capturas e o comércio de negros para o ocidente se
fizeram. Os trabalhos redobraram, pois tínhamos que conter toda a
revolta e ódio que emanava dos escravos africanos, presos aos porões dos
navios negreiros.
Mas meu protegido já
estava velho e foi poupado, porém seus filhos não, todos foram
escravizados. Mas era a lei e ela deveria ser cumprida.
Depois
de muito tempo uma ordem veio do encima: "Todos os guardiões devem se
preparar, novos assentamentos serão necessários, uma nova religião iria
nascer, o que para nós era em breve, pois não sei se perceberam, mas o
tempo espiritual é diferente do tempo material. Preparamo-nos, conforme
nos foi ordenado. Até que a Sagrada Umbanda foi inaugurada. Então eu fui
nomeado Guardião à esquerda do Sagrado Omulu-yê e então pude assumir
meu trono, meu grau e meus degraus. Novamente assumi a obrigação de
conduzir meu antigo algoz, que hoje já está no encima, feito
meritóriamente alcançado, devido a todos os trabalhos e sacrifícios
feitos em favor da Umbanda e do bem.
Hoje,
aqui de meu trono no embaixo, comando a falange dos Exus Caveira e
somente após muitos e muitos anos eu pude ver minha face em um espelho e
notei que ela é igual à de meu tutor querido o Grande Senhor Exu Tatá
Caveira, ao qual devo muito respeito e carinho. Não confundam Exu
Caveira, com Exu Tatá Caveira, os trabalhos são semelhantes, mas os
mistérios são diferentes. Tatá Caveira trabalha nos sete campos da fé;
Exu caveira trabalha nos mistérios da geração na calunga, porque é lá
que a vida se transforma, dando lugar à geração de outras vidas, mas não
se esqueçam que há sete mistérios dentro da geração, principalmente a
Lei Maior, que comanda todos os mistérios de qualquer Exu. Onde há
infidelidade ou desrespeito para com a geração da vida ou aos seus
semelhantes, Exu Caveira atua, desvitalizando e conduzindo no caminho
correto, para que não caiam nas presas doloridas e impiedosas do Grande
Lúcifer-Yê, pois não desejo a ninguém um décimo do que passei. Se vossos
atos forem bons e louváveis perante a geração e ao Pai Maior, então
vitalizamos e damos forma a todos os desejos de qualquer um que queira
usufruir dos benefícios dos meus mistérios. De qualquer maneira, o amor
impera, sim o amor, e por que Exu não pode falar de amor? Ora se foi
pelo amor que todo Exu foi salvo, então o amor é bom e o respeito a ele
conserva-nos no caminho. Este é o meu mistério. Em qualquer lugar da
calunga, pratique com amor e respeito a sua religião e ofereça velas
pretas, vermelhas e roxas, farofa de pinga com miúdos de boi. Acenda de
um a sete charutos, sempre em números ímpares e aguardente. De acordo
com o número de velas, se acender sete velas, assente sete copos e sete
charutos, assim por diante. Agrupe sempre as velas da mesma cor juntas e
forme um triângulo com o vórtice voltado para si, as velas roxas no
vórtice, as pretas à esquerda e as vermelhas à direita, simbolizando a
sua fidelidade e companheirismo para conosco, pois Exu Caveira abomina
traição e infidelidade, como, por exemplo, o aborto, isto não é tolerado
por mim e todos os que praticam tal ato é então condenado a viver sob
as hostes severas de meu mistério. Peça o que quiser com fé, e com fé
lhes trarei, pois todos os Exus Caveira são fiéis aos seus médiuns e
àqueles que nos procuram.
A falange de
Exus Caveira pertence à falange do Grande Tatá Caveira, que é o pai de
todos os Exus assentados à esquerda do Divino Omulu, os demais não posso
citar, falo apenas do meu mistério, pois dele eu tenho conhecimento e
licença para abrir o que acho necessário e básico para o vosso
aprendizado, quanto ao mais, busquem com vossos Exus pessoais, que são
grandes amigos de seus filhos e certamente saberão orientar com carinho
sobre vossas dúvidas. Um último detalhe a ser revelado é que todos os
que têm Exu Caveira como Exu de trabalho ou protetor, é porque em algum
momento do passado, pecaram contra a criação ou à geração e ambos,
protetor e protegido tem alguma correlação com estes atos errôneos de
vidas anteriores.
Tenham certeza, se
seguirem corretamente as orientações, com trabalho e disciplina, o mesmo
que sucedeu com meu antigo e grande sumo sacerdote, sucederá com vocês
também, porque este é o nosso desejo. Mais a mais, se um Exu de minha
falange consegue vencer através de seu médium ou protegido, ele
automaticamente alcança o direito de sair do embaixo e galgar os degraus
da evolução em outras esferas.
Que o Divino Pai maior possa lhes abençoar e que a Lei Maior e a Justiça Divina lhes dêem as bênçãos de dias melhores.
Com carinho
Senhor Exu Caveira.