OXALÁ é o detentor do poder procriador masculino. Todas as suas representações incluem o branco. É um elemento fundamental dos primórdios, massa de ar e massa de água, a protoforma e a formação de todo o tipo de criaturas no AIYE e no ORUN. Ao incorporar-se, assume duas formas: OXAGUIÃ jovem guerreiro, e OXALUFÃ, velho apoiado num bastão de prata (APAXORÓ). OXALÁ é alheio a toda a violência, disputas, brigas, gosta de ordem, da limpeza, da pureza. A sua cor é o branco e o seu dia é a sexta-feira. Os seus filhos devem vestir branco neste dia. Pertencem a OXALÁ os metais e outras substâncias brancas.
Em África, todos os Orixás relacionados com a criação são designados pelo nome genérico de Orixá Fun Fun. O mais importante entre todos eles chama-se Orixalá (Òrìsanlà), ou seja, o grande Orixá, que nas terras de Igbó e Ifé é cultuado como Obatalá, rei do pano branco. Eram cerca de 154 Orixás Fun Fun, mas no Brasil e na Europa a quantidade reduz-se significativamente, sendo que dois, Orixá Olùfón, rei de Ifón (Oxalufã) e Orixá Ógìyán, o comedor de inhame e rei de Egigbó (Oxaguiã), se tornaram as suas expressões mais conhecidas.
A designação de Orixá Fun Fun deve-se ao fato de a cor branca se configurar como a cor da criação, guardando a essência de todas as demais. O branco representa todas as possibilidades, a base de qualquer criação. O nome Orisanlá foi contraído e deu origem à palavra Oxalá, e com esse nome o grande Deus-pai passou a ser conhecido no Brasil e na Europa. Todos os Orixás Fun Fun foram reunidos em Oxalá e divididos em várias qualidades das suas duas configurações principais: Òsálufón, Osagiyan, sendo este último, jovem e guerreiro, filho do primeiro mais velho e paciente.
Todas as histórias que relatam a criação do mundo passam necessariamente por Oxalá, que foi o primeiro Orixá concebido por Olodumaré e encarregado de criar não só o universo, como todos os seres, todas as coisas que existiriam no mundo.
A maior interdição de Oxalá é de facto o azeite-de-dendê, que jamais deve macular as suas roupas, os seus objectos sagrados e muito menos o seu Alá. A única coisa vermelha que Oxalá permite, é a pena de Ikodidè, prova de sua submissão ao poder genitor feminino.
O Alá representa a própria criação, está intimamente relacionado com a concepção de cada ser; é a síntese do poder criador masculino. A sua função primeira já remete ao seu significado profundo. A acção de cobrir não evoca somente protecção, zelo, denota a actividade masculina no acto sexual.
No Xirê, Oxalá é homenageado por último porque é o grande símbolo da síntese de todas as origens. Ele representa a totalidade, o único Orixá que, como Exú, reside em todos os seres humanos. Todos são seus filhos, todos são irmãos, já que a humanidade vive sob o mesmo teto, o grande Alá que nos cobre e protege, o céu.
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.....Ayrá não se conformou, queria vingança de qualquer forma e a todo momento pedia a permição a Oxalá para faze-lo.
Por fim Oxalã mandou fazer uma casa no mato, Ile igbo, na terra de Ifon (ile ifon), pos nela seu segredo que quando os inimigos entravam por uma porta ele saia por trás e os inimigos saiam com uma perna só, outros com um braço ou olho só, outros com boca torta, outros com marca, outros aleijados ou pernas tortas.
Todos aqueles que machucaram Oxalá, ficaram aleijados
Quando se reuniram esses assinalados Oxalá cantou :
Ofururu lowowo, baba
kinyenye ileijibo
ile_ifon_nigbaba tiwawo
Jigbo_rere_nigbaba tiwawo
Olu_aiye eawawo
ewawao elese
ewawao elesekan baba
Eewawao ojukan baba
ewawao apa kan baba
ewawao eti kan baba
ewawaworu e abuke
Ewawaori elese
Efuru loyeye,
Baba_kinyenye lejigbo
ile_we_fa_mo_ti_wa, baba
Moji-bo_rere mojuba_ô
Oluwa ema_oro
ema_oro lawese
ema_oro lasikan baba
ema_oro lawese
Pierre Verger
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OXAGUIAN - Ajagùnnòn (n)gbá wa o !!!
Ajagùnnòn (n)gbá wa o !!! Ajagùnnòn
Ajagunan ( guerreiro ) nos acuda nos socorra, Ajagunan
Elémòsó, Bàbá Òssóòginyón
Senhor dos lindos ornamentos, Pai Oxaguiã
Ajagùnnòn (n)gbá wa o !!!
Ajagunan ( guerreiro ) nos acuda nos socorra.
Elémòsó ,Bàbá olóroògùn
Pai das guerras ( guerreiro ), Senhor de Elemesó,
Ajagùnnòn (n)gbá wa o !!!
nos acuda nos socorra.
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Qualidades do Orixá Oxalá
Osolufon, Orixá Olúfon, velho e sábio, cujo templo é em Ifón, pouco distante de Oxogbô. Seu culto permanece ainda relativamente bem preservado nessa cidade tranquila, Um núcleo de sacerdotes, os Ìwèfà méfà (Aájè, A´swa, Olúwin, Gbògbó, Aláta, e Ajíbódù) ligados ao culto de Orixá Olúfón e uns vinte olóyè, os dignitários portadores de títulos, que fazem parte da corte do rei local, Obà Olúfón. Conhecemos alguns Orixás funfun que segundo Verger seriam 154, dos quais citamos alguns:
Babá Ifurú; Babá Okim; Babá Akanjáprikú; Babá R’Oko; Babá Efejó; Babá Ajalá; Babá Ajagemo; Babá Olokun.
Osogiyan ou Oxaguian (Orixá Ogiyan): Orixá jovem e guerreiro, cujo templo principal se encontra em Ejigbô. Ganhou o título de Eleejigbô Rei de Ejigbô, Babá Ejigbô, uma de suas características e o gosto pelo inhame pilado chamado lyán, que lhe valeu o apelido de Oisa-Je-Iyán ou Orisájiyan, Oxaguian no Brasil. Conhecemos alguns Orixás guerreiros funfun Elemoxós, são eles: Babá Ajagúna; Babá Lejubé; Babá Apejá; Babá Epê; Babá Akíre; Babá Dankó; Babá Dugbé;Babá Olójo
Encontraremos diversos nomes, títulos, qualidades diversas de Oxalá: Bábá Aláse, Arowú, Oníkì, Onírinjá, Jayé, Ròwu, Olóba, Olúofin, Oko, Éguin, Obanijitá, Oluorogbô, Ibô, etc.
Willian Bascom observa que o ritual da adoração de todos esses Orixás funfun é tão semelhante que, e, alguns casos, é difícil saber se, se trata de divindades distintas ou simplesmente de nomes e manifestações diferentes de Orisanlá.
Oxalá compõe com qualquer outro Orixá, por ser universal e singular, apazigua energias trazendo tranquilidade a qualquer um em qualquer situação, na vida e na morte.
Maria Manuela
Oxaguian no Brasil ou simplesmente Òrìsà Òsògìyán como ele mais gosta
de ser chamado, Ewúléèjìbò "Senhor de Ejigbô” onde é tratado por
Kábiyèsi, é um dos Orixás mais emblemáticos do candomblé. Sobre ele
também recai uma série de segredos rituais guardados pelos terreiros,
embora muitas coisas já se tenham escrito. Acredito sim nessa
complexidade em se cultuar o maior dos Orixás, pois sua energia é tão
suave, tão magnífica, magnânima e tão sutíl que nem todo mundo tá
preparado para se harmonizar e poder interagir de seu Axé.
Conta um itãn que Oxun Aiyan’lá, de acordo com uma de suas histórias,
ela teria dançado pela primeira vez na presença de Òsògìyán e fez todo o
mercado lhe acompanhar. É por este motivo que filhas de Oxun Aìyan’lá, a
fim de agradar Òsògìyán envia clarins para homenagear o Orixá, ato que
se pode observar em alguns terreiros antigos.
Os mitos afro-brasileiros sobre este ancestral nos permitem perceber que
Oguian liga-se a comida. A sua festa é o ponto culminante do chamado
Ciclo das Águas, representado pelos inhames novos presenteados pela
terra após um período de dificuldades. Òsògìyán, assim, o dono do
inhame. É ele quem garante o nosso sustento de cada dia representado
pelas raízes, conhecido por Orixá comedor de inhame pilado (Oxaguian),
pois inventou o Pilão para melhor preparar seu prato favorito.
O Grande Òsògìyán em momentos de crise representa a estabilidade; em
ocasiões de guerras, a estratégia; na tristeza é a alegria, no fim é o
recomeço, é o Orixá de todos os momentos. De acordo com suas histórias,
ele teria passado em Irê, a terra de Ògún, e graças à sua inteligência
idealizou armas forjadas pelo grande ferreiro. A amizade entre o povo de
Ejigbô foi tanta que Ògún, certa ocasião, se ofereceu para ir à frente
de uma batalha lutar pelo povo de Ògìyán que na volta foi aclamado
Senhor vestindo-se de branco.
Diz-se também que o Orixá que adora inhames é amigo inseparável de Oyá e
dela ganhou os Atorís, com quem anda sem pisar no chão levado pelo
vento que lhe conduz a todos os lugares. Por isso, filhos dessa Orixá se
sentem plenamente atraidas por estarem perto dos filhos deste Orixá.
Osogiyan põe um ponto final no fim e inaugura aquilo que é infinito,
pois diante dele tudo é recomeço.
Òsògìyán é o Orixá do renascimento, tudo que forma um ciclo se mantém
graças a ele. Este é o motivo pelo qual no dia a ele consagrado se
realiza uma pequena procissão. Ele representa a volta para a casa, a
estabilidade dos grupos que até então vagavam sem destino. O terceiro
Domingo do ciclo das Águas de Oxalá é representado pelo ” Ojó Odò” (dia
do Pilão) de Òsògìyán, pois fecha o ciclo de renovação da existência.
Com o Orixá Sàngó, coluna central do culto reorganizado no Brasil pelos
Yorubas e seus descendentes, Ògìyán se relaciona como outrora os reinos
de Ejigbô e Ifon estavam ligados à Oyó, fato relembrado pelo pilão,
instrumento de vital importância para a fixação dos grupos na terra. Se o
pilão é o centro do mercado, a mão de pilão é o instrumento que repete o
movimento que liga o céu à terra, garantindo a nossa permanência
através da comida, do inhame dado em forma de presente por Osogiyan. O
pilão como o ferro ilustra uma nova etapa da história da humanidade. A
partir dele, pode-se falar em comidas mais elaboradas, preparar a
farinha e conservar melhor os alimentos. O Pilão representa a justiça, o
equilibrio provocado pelas duas bocas do pilão, seus Ìsáns representam o
poder ligado a Irôko ancestralidade, vida e morte, a espada representa a
luta diária pela paz social.
Òsun é verdadeiramente o coração de Osogiyan, dizem os antigos que "Òsun
é sua menina dos olhos”. Ela dança também para ele. É Òsun quem vai a
frente das mulheres da terra de Ijexá que inventaram um tipo de tambor
apenas tocado por elas. Instrumento na sua origem feminino como as
cabaças, cujo som remete ao mesmo produzido na vida uterina. Oxun teria
ensinado estes sons para a humanidade, escutando a sua própria barriga.
Mantém relações também com Ewá, ilustrada através de uma das passagens
míticas mais emblemáticas. Ewá, aquela que tem o poder de transformar-se
em qualquer coisa, lhe teria salvo da morte, garantindo assim a
continuidade do ciclo da vida.Osogiyan como já falamos, relaciona-se
também com os Orixás caçadores e caçadoras. Daí a sua relação com
Òsóòsì, considerado líder e cabeça da grande caçada. Com Òsanyìn
interage estratégicamente com o pássaro, as magias e todo tipo de
feitiçaria "Òsò”, prefixo de seu nome estabelece a parceria, o sumo da
folha, etc. Com Obà divide a essência guerreira feminiana/masculina, a
guerra através dos sentimentos do coração, do amor e da paz.
Osogiyan anda através de passos mais rápidos, determinados. Em guerra
constante, a prontidão, o alerta nunca lhe precedem, pois ele é a
própria luta, relembrada num de seus títulos de pronúncia mais evitada:
"Baba O’Lorogun”, literalmente "pai da guerra”. O Orixá que carrega
todas as armas, ora caçador, ora rei, ora a guerra, mantém relações
também com Yemanjá, pois ela é responsável pelo equilíbrio, o principio
ancestral, o mundo só é inteligível, graças àquela que mantém as nossas
cabeças (ìyá Orí) que suaviza a sua chegada. Com Jagun forma talvez a
parceria mais intrigante, caminham juntos e às vezes se confundem entre
si, guerreiros inseparáveis. Com Airá, o conhecimento da impulsividade,
dando a este exatamente o oposto, os dois lados da moeda, julgar pela
razão e não pela emoção. Com Nàná a grande Iyabá se confraterniza, a
grande metáfora vida e morte.
Òsògìyán representam o começo da humanidade, o sol nascente, a vida que chega no primeiro raio de sol, o Pai do dia.
Quando entramos em contato com os elementos, entramos em conexão com o
mundo divino e seus respectivos senhores através de seu axé. Alguns se
conectam a nós através da musica, outros através das àguas, do Fogo, da
Terra, dos metais, minerais, do vento ou simplesmente do silêncio. Ele
também se revela no silêncio na quietude e mansidão. Ele está em todos
os níveis!
Com Odùduá, Orixá matéria que é responsável pela abertura no primeiro
Domingo das "Águas de Oxalá”, a grande mãe progenitora feminina que
representa a Terra, e com Olúfón (Oxalufan) Orixá cujo o templo é em
Ifón, responsável pelo segundo domingo das "Águas de Oxalá”, a procissão
de Obatalá,o Ebô repartido entre todos os presentes.
Senhor do Igí Opé Íwìn, Akinjolê, Babá Ikíre, Babá Eléèjìgbò, Oxaguian,
Ògìyán com tantos nomes que pode ser conhecido,
Babá mí Òsògìyán, mò jùbá.
Texto/pesquisa: Suami D’Osun/Fernando D’Òsògìyán.